
Da Agência Educação Política
Mais de mil artistas, intelectuais e militantes reuniram-se ontem (18/10) no Rio de Janeiro em um ato de apoio à candidata do PT à presidência da república Dilma Rousseff. Os intelectuais repetiram o clima da campanha pelas eleições de 1989, quando apoiaram Lula na então disputa com Collor. Era a primeira eleição direta para presidente da república depois de anos de autoritarismo e censura com o Regime Militar. A classe artística e os intelectuais, amantes da beleza, da expressão, da liberdade, do sonho, viram em Lula, naquela época, a promessa efetiva de mudança, o começo da construção de uma tão desejada utopia de viver em um Brasil livre, igual e democrático.
Vinte e um anos mais tarde, eles agora veem em Dilma não mais o começo da construção de uma utopia, mas a promessa de continuação e aperfeiçoamento daquela utopia que antes eles sonhavam e que Lula fez começar a virar realidade. O sonho, à priori inatingível, de um país melhor, onde se luta contra a miséria humana, econômica e social de um povo historicamente reprimido e onde se busca a liberdade de direitos e de participação viu a luz do dia no seio desta terra tropical.
Agora o tempo é outro, mas a utopia ainda é a mesma. Os artistas antes queriam o sonho, agora querem que ele continue, não querem acordar. Não querem que um projeto atrasado e conservador interrompa um projeto dinâmico e empreendedor que lutou muito para chegar ao lugar que chegou!
Pode parecer idealista demais falar em utopia, em igualdade, erradicação da miséria, plena democracia, vigor público. Mas as utopias que, por definição significam aquilo que não se realiza, o não-lugar, onde não se chega, onde não se pode habitar, sempre fascinaram e moveram o homem. Há nelas um horizonte que atrai, um sonho que acalenta e é aí que o não-lugar de repente vira lugar.
Uma coisa é importante dizer. O governo Lula não é um reduto da perfeição. Há sim muitas coisas que ainda precisam ser feitas, melhoradas. Mas o importante é ver que muito já foi feito, que muito já foi melhorado, que a mudança de fato começou. Esses artistas e intelectuais que apoiam Lula reconhecem tudo isso.
Eles tomam a realidade feito terra do chão. Na terra, veem algumas sementes já crescendo e dando frutos. Também veem outras que ainda não germinaram, e outras que ainda nem foram plantadas, mas que estão apenas esperando a chegada da nova estação. Enquanto isso, vão regando essa terra, não deixando que ela seque, que os frutos morram e que as sementes que esperam sejam levadas pelo vento. Eles regam e acreditam, mais do que isso, eles lutam! Se pararem de regar a terra seca. As vidas secam, tudo murcha e se liquefaz!
Dilma, repito, é a continuação e o aperfeiçoamento de uma mudança, de um sonho e por que não de uma utopia. Intelectuais, artistas e grande parte do povo brasileiro sabem disso e mais do que saber, eles sentem. Do mais, é preciso continuar essa utopia que nasceu. Mesmo que falar em utopia seja sonhar demais, como diria um poeta “pelo sonho é que vamos, comovidos e mudos. Chegamos? Não chegamos? Haja ou não haja frutos, pelo sonho é que vamos”.*
Fotos do encontro podem ser vistas na página do jornal O Estado de S.Paulo
Também vale a pena ver esse bonito vídeo publicado no blog do Nassif com depoimentos de alguns artistas e intelectuais que participaram do ato pró-Dilma no Rio:
*Os versos ao final do texto são do poeta português Sebastião da Gama
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