A vida é um moinho, ela roda, roda, infinita, é ela toda um ciclo!
Da Agência Educação Política
A Favela do Moinho, assim como tantas outras favelas espalhadas pelo país, tem tudo que as outras costumam ter: esgoto a céu aberto, barracos de madeira, falta de água e um disseminado estado de violência. A diferença em relação às outras, no entanto, está na localização. A favela do Moinho fica em pleno centro da cidade de São Paulo, a três quilômetros da Praça da Sé e da Prefeitura Municipal, ou seja, bem debaixo do “nariz do poder público” que insiste em se fazer tão próximo e, ao mesmo tempo, tão distante da realidade do local.
Na última semana do mês de julho, uma jornalista de apenas 22 anos reuniu um grupo de artistas e promoveu uma semana cultural na favela com muita música, pintura e arte de forma geral. Foi a oportunidade que muitas crianças tiveram de pintar alguns de seus sonhos com o grafite, de ouvir uma música social que retrata um pouco dos seus problemas, de sentir que existem outras coisas pelas quais a vida vale a pena ser vivida!
Um exemplo de cidadania que mostra como, na realidade, é o povo que se solidariza com o próprio povo. O governo continua ali, a apenas alguns quilômetros de distância física e a um infinito de distância humana e social, fingindo que não vê!
Ação cultural leva fotografia, grafite e rap a uma favela em pleno centro de São Paulo Rede Brasil Atual Por Gisele Coutinho
Uma favela com 900 famílias, cerca de 4.500 pessoas. Barracos de madeira em meio a prédios abandonados, espremidos entre duas linhas da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O esgoto é a céu aberto, falta água, energia elétrica, faltam condições básicas de saneamento.
A favela do Moinho tem todos os problemas típicos da periferia da capital paulistana – a diferença é que está em plena região central, no Bom Retiro, embaixo do viaduto Orlando Murgel, a três quilômetros da Praça da Sé e da sede da prefeitura.
Esse foi o palco de uma ação de cidadania que a jornalista e produtora Yara Morais, de 22 anos, produziu na última semana de julho para chamar atenção sobre o problema da falta de água.
Com ingressos na forma de alimentos e roupas, Yara reuniu artistas, jornalistas, fotógrafos, integrantes do movimento hip hop, grafiteiros e rappers como Kamau, Du Bronx, Emicida, Crônica Mendes, Sandrão do RZO, o grupo Consciência Humana e o poeta Sergio Vaz.
Nem o frio, muito frio, atrapalhou as crianças do Moinho. Com ajuda dos grafiteiros, elas desenharam seus sonhos nos muros de um terraço de prédio abandonado, local da festa-protesto. Na escadaria que dava acesso à festa, muita fumaça vinha do prédio inacabado e abandonado, das fogueiras que serviam tanto para cozinhar como para tornar o frio mais suportável. (Texto Completo)
Por trás da pressa, dos carros, da correria do dia-a-dia,da efemeridade das coisas e do tempo. Por trás de cada traço de arte,um colorido a mais para a vida,um resgate do eterno,uma parada que não precisa de espera!
Você já pensou em como os milhares de bueiros espalhados por uma cidade como São Paulopodem de repente se transformar em belas, originais e criativas obras de arte?
Pois é justamente isso que a dupla de grafiteiros conhecida como 6emeia tem feito com os bueiros da capital paulista. De um simples pedaço de concreto sujo e cinza, eles fazem brotar desenhos divertidos, de uma estética e ritmo típicos da modernidade em total harmonia com o movimento e a rapidez frenética de uma metrópole como São Paulo.
Mas o mais impressionante do trabalho de Anderson Augusto, o São, e Leonardo Delafuente – que além dos bueiros também fazem desenhos em tampas de esgoto e postes da cidade de São Paulo – é que a sua arte colorida e bem humoradaparece dar vida a uma cidade que, às vezes, em meio a correria do dia-a-dia e à solidão intrínseca à sua multidão, esquece-se de que no prosaico do urbano pode existir toda capacidade imagética da arte.
Para lembrar nosso querido poeta Carlos Drummond de Andrade, os desenhos nos boeiros da cidade de São Paulo são como uma flor que nasce no meio da rua, a flor improvável que resiste ao progresso e devolve ao ser humano o gosto da sensibilidade.