MODELO DE TRATAMENTO MENTAL IMPLANTADO PÓS REFORMA PSIQUIÁTRICA É QUESTIONADO

Edward Munch, O Grito

Da Agência Educação Política

Em 2001, a aprovação da Lei da Reforma Psiquiátrica (Lei 10.216/2001) iniciou um novo processo no atendimento dos portadores de transtorno mental no Brasil. A Reforma Psiquiátrica defendia, principalmente, entre outras coisas, a desativação dos leitos nos hospitais e a adoção de novas práticas de tratamento mental que tivessem como objetivo principal a reinserção do paciente na sociedade. Pela nova lei, deveriam ser abertas vagas em hospitais gerais, onde os pacientes só seriam internados em momentos de crise por curtos períodos de tempo.

A história dos transtornos mentais sempre girou em torno da exclusão da loucura, do seu isolamento, da sua mistificação, da falta de conhecimento adequado e de tratamentos autoritários que não entendiam o transtorno mental em toda sua complexidade e manifestação. Foram séculos de exclusão, maus-tratos e, ainda hoje, entende-se o doente mental de forma estereotipada e superficial.

Diversos avanços já aconteceram no mundo e, principalmente, no Brasil, no que diz respeito ao tratamento mental. Muitos hospitais e serviços de saúde  já desativaram grande parte das alas hospitalares e hoje adotam um tratamento muito mais humano e eficaz, baseado no trabalho e também em atividades artísticas que fazem com que o paciente se ocupe com as atividades do corpo, que desafogam um pouco as inquietações da mente, e se reencontre no movimento criador e revelador de uma obra de arte.

Esse modelo menos autoritário, mais humano e social de tratar a doença mental, tem se mostrado eficaz e muitos pacientes conseguem revelar-se, de certa forma, a si mesmo e voltam a viver com a família ou constróem sua própria família. Além disso, a Lei da Reforma Psiquiátrica impediu a banalização das internações que até então existia. Por qualquer coisa, o indivíduo já era submetido a uma internação sem que necessariamente precisasse ficar internado.

A Reforma já foi, por todas essas razões, um grande passo na luta pela humanização do tratamento da doença mental, no entanto, ainda há muito a ser feito e algumas críticas começam a aparecer em relação a esse novo modelo. A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) critica que o fechamento dos leitos em hospitais psiquiátricos não foi proporcional à oferta de tratamento na rede substitutiva – o que deixou centenas de pacientes desamparados.

O importante é tentar resolver os problemas apontados dentro da realidade já conquistada, sem que para isso seja preciso voltar ao modelo antigo de tratamento, baseado em internações e procedimentos autoritários. Isso seria um grande retrocesso na história da loucura e das lutas do movimento antimanicomial, uma volta a um passado de sombra, distante da legítima experiência do desatino, essencialmente plural e livre!

Reforma Psiquiátrica propõe reinserção de pacientes na sociedade
Portal Vermelho
Por Mariana Viel

Em todo o Brasil cerca de 23 milhões de pessoas (12% da população) necessitam de algum tipo de atendimento em saúde mental. Calcula-se que 6% deste total tenha transtornos mentais bem estabelecidos e 3% tenha transtornos mentais graves e persistentes. Segundo a Associação de Psiquiatria as doenças mais comuns dessa área estão relacionadas à depressão, ansiedade e aos transtornos de ajustamentos.

Os distúrbios mentais ou comportamentais também atingem mais de 400 milhões de pessoas em todo o mundo. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) mais de 60% dos países desenvolvem políticas públicas específicas para o tratamento desses transtornos. (Texto Completo).

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Comentários

2 respostas para “MODELO DE TRATAMENTO MENTAL IMPLANTADO PÓS REFORMA PSIQUIÁTRICA É QUESTIONADO”.

  1. nao podemos deixar de abranger nesta politica os moradores em situaçao de rua ,uma vez que este publico vem sempre sendo alvo de marginalizado pelo poder publico

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