Por Altamiro Borges
“Faça amor, não faça Serra”
Fazia tempo que eu não presenciava na capital paulista uma manifestação tão generosa, criativa e carregada de energia. Um ato com tantas tribos, expressão maior da unidade na diversidade. Um protesto com tantos jovens, o que relativiza o dogma sobre o ceticismo político da juventude. A manifestação “Existe Amor em São Paulo”, que lotou a Praça Roosevelt, no centro da cidade, merece ser valorizada e estudada. Segundo os seus organizadores, ela reuniu cerca de 30 mil pessoas durante toda a tarde deste domingo (21).
Ela foi convocada nas redes sociais por vários movimentos culturais e libertários, como a galera do coletivo Fora do Eixo. Não foi um ato partidário de apoio à candidatura de Fernando Haddad para a prefeitura paulistana. Mas foi um ato eminentemente político, de repúdio à gestão elitista e excludente do prefeito Gilberto Kassab e também de rechaço ao tucano José Serra, que se aliou aos setores mais reacionários da sociedade e tornou-se o porta-voz de suas bandeiras fascistóides, como o estímulo ao ódio homofóbico.
No meio da multidão, uma enorme bandeira com a foto do revolucionário Che Guevara. Muitos jovens estamparam no peito o adesivo da campanha de Fernando Haddad. Cartazes protestaram contra as abusivas “proibições” impostas pelo prefeito conservador. Nos vários palanques montados na praça recém-inaugurada, variedades de apresentações musicais e alguns discursos exigindo uma cidade mais humana e solidária, livre de preconceitos e intolerância, com mais integração cultural e social entre os seus habitantes.
Um dos textos difundidos pelas redes sociais evidenciou o caráter político da manifestação. “Há anos SP vem se tornando mais agressiva, repressiva, individualista, proibida, militarizada. Enquanto as favelas pegam fogo e a polícia ganha status de milícia, o poder político tenta acabar com o público em prol do privado. Acabar com a festa em prol do silêncio. Acabar com o pobre em prol do rico. Acabar com a justiça em prol da ordem”. Contra toda essa regressão, milhares de jovens lotaram a Praça Roosevelt.
A mídia hegemônica não entendeu – ou fingiu não entender – o caráter político do ato contra as forças de direita de São Paulo. O portal G1, das Organizações Globo, registrou a presença de mais de 8 mil pessoas num evento cuja “intenção é mostrar para Fernando Haddad e José Serra que a capital paulista precisa de mais atenção para a cultura”. É como se o ato fosse neutro, sem qualquer opção política dos participantes. Na mesma linha, o sítio UOL, do Grupo Folha, tentou descaracterizar as razões do protesto.
Uma das mensagens usadas para convocar todas aquelas tribos foi explícita: “Faça amor, não faça Serra”. A mídia demotucana fingiu desconhecer este slogan tão criativo e irreverente.
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4 respostas para ““FAÇA AMOR, NÃO FAÇA SERRA”: UM PROTESTO CULTURAL CONTRA A ORDEM EXCLUDENTE DE SÃO PAULO”.
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