CAPITALISMO DEPENDENTE: APENAS 3,7% DOS DOUTORES DO PAÍS ESTÃO EM EMPRESAS PRIVADAS

Destino dos Doutores

Estudo pioneiro mostra que os mais qualificados profissionais do País se empregam no setor público

Da Unicamp

Um estudo que cruzou, pela primeira vez, dados do sistema de pós-graduação com dados da área econômica do governo apresenta informações inéditas sobre o destino dos doutores formados no Brasil. Os autores do estudo, denominado de “Características do Emprego dos Doutores Brasileiros” são os consultores Eduardo Viotti e Adriano Baessa.

Segundo o relatório, dos quase 26 mil doutores com vínculo formal de emprego em 2004, 66% trabalhavam em instituições de ensino; 18% para os diversos níveis de governo; 4% em associações — como ONGs, por exemplo. Na indústria de transformação, a porcentagem ficou em torno de um ponto: 1,2%. Nas instituições “típicas de pesquisa e desenvolvimento” — como institutos privados de pesquisa —, trabalham 2,5% dos doutores formalmente empregados (a soma desses dois itens dá 3,7%). Como a maior parte das instituições de ensino que empregam titulados são as universidades públicas, pode-se concluir que quatro em quase cinco doutores são absorvidos pelo setor público. A agricultura é setor que praticamente não emprega doutores.

Os resultados do estudo mostram que 36,14% dos 40.271 doutores titulados no período 1996-2003 não estavam formalmente empregados no final de 2004. Entre os outros 63,86%, o principal empregador era o setor público, e não o privado. O estudo mostra também que São Paulo é o celeiro de doutores do País; que as ciências da saúde são as que mais formam doutores e a área que concentra a maior parte dos empregos formais; e que o salário médio de um doutor oscilava, em 31 de dezembro de 2004, entre R$ 5 mil e R$ 6 mil mensais.

O levantamento feito por eles concentra-se no período 1996-2003 e apóia-se em dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e dos Ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e da Previdência Social (MPS). A íntegra do estudo, coordenado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), está em nossa página de Íntegras. (Texto original e integral de Rachel Bueno e Giovanny Gerolla)

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