CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO BRASIL TÊM COR

Por uma ciência de várias cores…

A frase que está no título desta postagem foi dita por Ernane José Xavier Costa, pesquisador do Departamento de Ciências Básicas da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP de Pirassununga (SP). Ao dizer que a ciência no Brasil tem cor, o pesquisador complementa: “E é branca, feita por brancos e para brancos”.

A constatação do pesquisador de fato tem se verificado na realidade. Se olharmos para as grandes universidades e centros de pesquisas tecnológicos no Brasil, dificilmente encontraremos um negro. Este fato, longo de querer incitar qualquer argumento ou atitude racista, apenas mostra como se materializam as divisões históricas plantadas na constituição social e racial brasileira.

Matéria publicada no site da Rede Brasil Atual mostra que enquanto a pesquisa científica deu um salto nos últimos anos, os negros não foram contemplados por esse crescimento permanecendo à margem dos processos de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias.

Quando se pensa que invenções como telefone celular, ar-condicionado, elevador e geladeira são descobertas de cientistas negros e quando se depara com o fato de que 82% dos 705 negros entrevistados para uma pesquisa da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros têm formação em ciências humanas (ciências sociais, história, letras), fica evidente um certo muro que tem barrado o ingresso de begros em carreiras que concentram as pesquisas em tecnologia e, portanto, são as mais valorizadas pelo mercado e também aquelas que recebem mais investimento por parte do poder público por meio dos órgãos de incentivo à pesquisa (CNPq).

Não se trata de desmerecer as pesquisas desenvolvidas nas áreas das ciências humanas, no entanto, a realidade é que estas não correspondem ao grande cerne da pesquisa científica brasileira. E aí surge o problema, pois este cerne está cada vez mais distante dos estudantes negros. Segundo eles, isso acontece por racismo, ausência de políticas públicas, dificuldade de acesso à educação pública de melhor qualidade e baixa autoestima.

Desenha-se assim mais um muro racial que precisa ser transposto para que a ciência nacional seja tão múltipla e colorida como se faz o Brasil!

Veja trecho da matéria publicada no site da Rede Brasil Atual:

A cor da ciência
A pobreza, a ausência de políticas públicas e o racismo impedem o acesso dos negros a cursos de maior prestígio, à pós-graduação e à carreira científica

elefone celular, ar-condicionado, elevador, geladeira. Indispensáveis, esses itens são parte de uma extensa lista de invenções e descobertas de cientistas negros. São tantas que a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), ligada à Presidência, resolveu promover algumas delas no estande montado na Esplanada dos Ministérios, durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em outubro.

De acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, nos últimos dez anos a produção científica nacional cresceu 200%, passando de 10 mil para mais de 30 mil estudos publicados em revistas especializadas internacionais. Mas a população afrodescendente não é contemplada por esse salto. (Texto Completo)

Leia mais em Educação Política:

ESTADÃO QUER DESTRUIR O GOVERNO DILMA ROUSSEFF: JORNAL QUER EMPLACAR PALOCCI NAS COMUNICAÇÕES E CHALITA NA EDUCAÇÃO
IMPRESSIONANTE: MINISTRO DA EDUCAÇÃO, FERNANDO HADDAD, CONVIDA REDE GLOBO A FAZER JORNALISMO SÉRIO
EDUCAÇÃO DE JOVENS EM ÁREAS RURAIS ESTÁ AMEAÇADA PELO FECHAMENTO DE ESCOLAS E FALTA DE MATERIAL DIDÁTICO
PESQUISA DA UERJ DESMITIFICA MUITAS DAS QUESTÕES LIGADAS ÀS POLÍTICAS AFIRMATIVAS DE ACESSO À UNIVERSIDADE

Comentários

4 respostas para “CIÊNCIA E TECNOLOGIA NO BRASIL TÊM COR”.

  1. Há dados sobre a inscrição de jovens negros em vestibulares de cursos de “ciência”? Em escolas técnicas, que capacitam ao desenvolvimento de tecnologia, inovações etc.? Havendo, poderemos confrontar com o histórico escolar dos mesmos, para descobrir em que escolas estudaram.
    Se o problema for o ensino, retornamos à pergunta do Coronel Nascimento, como citado pelo autor do blog: de quem é a culpa disso?
    É de gente branca, de olhos azuis? Eu sou pardo, descendente de um indígena e nordestino e penso que não; a culpa não é “de” gente, mas “da”gente.
    Por fim, há, ainda, dados sobre pesquisa científica de negros, pardos, índios, amarelos, brancos? Sobre a qualidade da pesquisa, utilidade, de modo justo e proporcional (não digo que o branco pesquisa bem e o negro mal, mas apenas quero saber, dentre os seres humanos hábeis a tanto, qual percentual dedica-se à pesquisa)?
    Qual o percentual de projeto de pesquisas de alunos integrantes de cada “raça”, os orientadores de mestrado, doutorado e pós doutorado vêm aprovando para pós-graduação?
    Qual percentual de estudantes, de cada “raça”, que têm projetos aprovados para o recebimento de bolsas?
    É hora de criar uma cota para pós-graduação? Ou os beneficiados por cotas buscarão naturalmente tal caminho, com dedicação e empenho? Espero que isto ocorra.
    Há quem discorde, mas já é hora de analisar pesquisas científicas tendentes à abolição do conceito de raça e de nos enxergarmos como iguais, sem procurar diferenças que nos distanciem.
    Contudo, a matéria é válida, desde que todos, mesmo os negros, pardos e demais “minorias”, ponham-se a agir da forma que julgarem útil e conveniente.

    Curtir